O VIII Encontro Binacional entre os Matsés do Brasil e do Peru aconteceu entre os dias 20 e 22 de agosto de 2022, na aldeia Trinta e Um, localizada no
Essa etnia habita as regiões do alto rio Jutaí e adjacências dos rios Jandiatuba e Curuena, na parte noroeste da Terra Indígena Vale do Javari. Na língua falada por essa etnia, da família katukina, Tsohom significa Tucano e Dyapá algo relacionado “gente” ou “povo”, ou seja, “povo tucano”. Vale ressaltar que essa etnia fala um idioma muito próximo ao falado pelos Kanamary, que pertence ao mesmo tronco linguístico. O povo Tsohom-Dyapá é considerado pela FUNAI (o órgão indigenista oficial no Brasil) como de “recente contato”. Trata-se de um parâmetro previsto na atual política indigenista do estado, que estabelece um entendimento de que um povo que já tenha passado pelo contato com integrantes da sociedade nacional ou até mesmo com indígenas que já mantém um alto grau de contato com a sociedade envolvente, mas que ainda mantém a decisão de não contato direto com o mundo externo, são “classificados” nessa categoria. Essa é uma das principais características do povo Tsohom-Dyapá, que prefere se manter no alto rio Jutaí, ao invés de estar em constantes idas e vindas para as cidades vizinhas à terra indígena.
Ao que tudo indica, o contato desse povo com não indígenas aconteceu de forma intermitente desde a década de 60, relacionado às atuações das chamadas frentes econômicas da borracha, da madeira e com as equipes da Petrobrás, nos anos oitenta. Mesmo assim, preferiram se manter nas suas aldeias. A partir de 2005 tomaram a decisão de permanecer na mesma aldeia dos Kanamary, como uma estratégia tanto para enfrentar as adversidades com as constantes ameaças dos invasores de suas terras quanto para terem acesso a produtos industrializados com os Kanamary. Atualmente, habitam a aldeia Jarinal, localizada às margens do alto rio Jutaí, nos limites a oeste da Terra Indígena, interrompendo o ciclo nômade que caracteriza sua forma de ocupação territorial.